ricardobrics peqA mesa sobre vigilância em saúde e resposta a emergências sanitárias, realizada no primeiro dia da Conferência dos Institutos Nacionais de Saúde Pública dos BRICS, reuniu representantes dos Ministérios da Saúde dos países do bloco, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Fiocruz. O debate ocorreu em 15 de setembro, no Rio de Janeiro, durante o encontro que segue até o dia 17 no hotel Rio Othon Palace, em Copacabana.

Ao abrir a conferência, o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, ressaltou a necessidade de fortalecer a cooperação científica no campo dos imunizantes.
“Queria colocar uma provocação inicial: estabelecermos uma vacina prioritária para desenvolvimento no âmbito do Brics. Temos capacidade científica, tecnológica e industrial para sermos produtores de vacinas para o sul global”, afirmou.

Moderada por Dr. Anban Pillay, do Ministério da Saúde da África do Sul, e com relatoria do Dr. Gerson Penna (Fiocruz), a sessão discutiu estratégias conjuntas para fortalecer a capacidade dos países em enfrentar emergências sanitárias, prevenir desastres e responder de forma coordenada a crises globais.

A vice-ministra de Saúde e Vigilância Ambiental do Brasil, Mariangela Simão, abriu as apresentações destacando os principais desafios enfrentados pelo país, que vão desde desastres ambientais e ondas de calor extremo até a sobrecarga dos serviços de saúde. Entre as soluções apontadas, citou a importância de incentivos financeiros para reforçar a resposta local e a atuação dos Centros de Operações de Emergência (COEs). “Também estamos estruturando kits de resposta rápida para situações de desastre, que podem ser adaptados de acordo com cada emergência”, explicou.

Representando a OMS, Sara Hersey destacou que os Institutos Nacionais de Saúde Pública (NPHIs) desempenham papel fundamental no fortalecimento da vigilância global. Ela ressaltou que a cooperação entre os BRICS pode ampliar a integração desses institutos às redes internacionais de resposta a emergências. “O trabalho conjunto permite aproveitar as capacidades complementares de cada país e criar sistemas mais robustos e integrados de vigilância”, disse.

Já o representante do Ministério da Saúde da Rússia, Ivan Deev, apresentou a visão de seu país sobre a operacionalização do Sistema Integrado de Alerta Precoce dos BRICS, uma iniciativa voltada a identificar riscos de forma rápida e coordenada entre os membros do bloco. Segundo ele, a proposta é que o sistema fortaleça a troca de informações em tempo real, permitindo respostas mais ágeis diante de surtos e desastres.

Por último, o vice-diretor de Inovação de Bio-Manguinhos/Fiocruz e presidente do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Vacinas dos BRICS, Ricardo Godoi, apresentou os avanços da iniciativa, lançada em 2022 como centro virtual para integrar capacidades científicas, tecnológicas e industriais dos países-membros. Ele ressaltou que o centro busca oferecer apoio a países em desenvolvimento, promover acesso equitativo a vacinas e contribuir para o cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3 da ONU, sobre saúde e bem-estar.

Entre as prioridades do plano de trabalho de 2025, Godoi destacou a criação de um repositório eletrônico de P&D, proposta pela Rússia; o incentivo a parcerias bilaterais e multilaterais em projetos de vacinas; o diálogo com o Novo Banco de Desenvolvimento, o “Banco dos BRICS”, para viabilizar mecanismos de financiamento; e a integração com outras redes do bloco voltadas para doenças de grande impacto na saúde pública. Ele lembrou ainda que o centro já realizou duas reuniões de trabalho e prepara um terceiro encontro para 25 de setembro, que contará com a participação de representantes de 11 países.

As contribuições dos NPHIs dos países do bloco reforçaram a necessidade de que os institutos desempenhem papel ativo no fortalecimento da vigilância e da preparação para emergências. Para a vice-presidente de Saúde Global e Relações Internacionais da Fiocruz, Maria de Lourdes de Souza, iniciativas como a do Centro de P&D de Vacinas precisam assegurar independência em relação a governos, garantindo continuidade e foco nas prioridades globais de saúde.

O fortalecimento do Centro já foi reconhecido em declarações conjuntas dos ministros da Saúde dos BRICS e na Declaração do Rio de Janeiro (julho/2024), que destacou a relevância de consolidar sua estrutura de governança, ampliar a rede de instituições participantes e alinhar as ações às demandas regionais e globais de saúde pública.

Jornalista: Marcela Dobarro
Imagem: Peter Ilicciev

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