A Fiocruz recebeu, em 6 de setembro, uma delegação do Grupo Banco Mundial composta por diretores executivos de diversos países membros e liderada pelo diretor-executivo para o Brasil. O grupo, que estava em viagem pelo Brasil, veio à Fundação para conhecer sua atuação e, em especial, mais sobre o projeto do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (Cibs) no Campus Santa Cruz do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), no Rio de Janeiro. A comitiva foi recebida pela Presidência da Fiocruz e se reuniu também com a diretoria de Bio-Manguinhos - o encontro foi acompanhado pela Procuradoria Federal da Fundação, o Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) e a Advocacia Geral da União (AGU).
Os diretores executivos do Grupo Banco Mundial integram seu conselho de administração e são os representantes dos países membros. Durante toda a semana passada, eles estiveram no país para discussões ligadas à presidência do Brasil no G20 e sobre a setores e projetos que apoiam por meio do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e da International Finance Corporation (IFC).
Durante a passagem pela Fiocruz, o grupo, composto por diretores representando os Estados Unidos, França, Paquistão, Argentina, Bélgica, Kuwait, Índia, Cabo Verde, China, México, Arábia Saudita e Suíça, se mostrou especialmente interessado também no funcionamento do Sistema Único de Saúde brasileiro, o SUS.
A Diretoria Executiva da Fiocruz expôs a importância e o papel estratégico da Fiocruz para o SUS, além da inserção do projeto de Santa Cruz no contexto nacional e internacional. O diretor-executivo da Fiocruz, Juliano Lima, os recebeu e enfatizou aos visitantes que a Fiocruz é a casa da saúde pública do Brasil. Ele ressaltou a importância da visita: “O Banco Mundial é parceiro do Brasil há mais de 60 anos e tem trabalhado com o governo brasileiro para apoiar o país em valores que são muito caros à Fiocruz, o desenvolvimento sustentável do país, com inclusão e melhoria das condições de vida e redução das desigualdades da nossa população”, afirmou Lima.
O diretor-executivo para o Brasil e mais oito países (Colômbia, República Dominicana, Equador, Haiti, Panamá, Filipinas, Suriname, Trinidad e Tobago), Marcos Vinicius Chiliatto, comentou que o grupo esteve também em Brasília, para conversas ligadas à presidência do Brasil no G20, e em Salvador, onde visitou projetos sociais tais como o primeiro hospital do Brasil operado em formato de parceria público-privada. Na visita, contou ele, a delegação teve contato com a importância do SUS para o país.
Na Fiocruz, o foco esteve em possível apoio da IFC na ampliação da capacidade produtiva de vacinas: “A visita tem essa grande importância, que é a de os diretores que representam os países membros do banco conhecerem o Brasil e as operações principais apoiadas, dentre elas a Fiocruz. Eles puderam não só conhecer o SUS e sua complexidade, mas também mais sobre a produção de vacinas, a capacidade técnica, de inovação e de pesquisa da Fundação em primeira mão”, afirmou Chiliatto, que acrescentou: “Nós ficamos em Washington e uma coisa é conhecer um projeto lendo um documento, outra totalmente diferente é estar aqui, conversando e conhecendo as pessoas a frente do projeto”.
O diretor de Bio-Manguinhos, Maurício Zuma, fez uma apresentação institucional do Cibs, trazendo detalhes do novo campus do complexo industrial em Santa Cruz. Ele explicou que o complexo se tornará o “maior centro de produção de vacinas da América Latina”: “É importante ressaltar que aumentará a nossa capacidade em cinco vezes e permitirá ao nosso sistema de saúde a ter mais vacinas e autonomia, além de nos permitir exportar mais para as agências das Nações Unidas, como Opas e Unicef, assim como nos capacita para prover um acesso mais equitativo de vacinas ao Sul Global”, disse Zuma.
A comitiva do Grupo Banco Mundial pode fazer uma visita ao Castelo Mourisco e à Biblioteca de Obras Raras, assim como às instalações de Bio-Manguinhos, onde foi realizada a reunião. A vice-presidente Adjunta de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz, Priscila Ferraz, fez uma apresentação institucional da Fiocruz, apresentando toda sua complexidade: “Este projeto está inserido dentro de uma perspectiva de atuação da Fiocruz na saúde global no campo da produção e inovação que é estruturante, em especial no âmbito da cooperação Sul-Sul e é fundamental para a o alcance de uma das metas da nossa nova política industrial, que é ter 70% de autonomia nacional na produção de insumos de saúde”, disse Priscila.
Campus Santa Cruz
O Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (Cibs) foi concebido com o objetivo de ampliar a oferta de vacinas e biofármacos visando atender não só aos programas públicos de saúde como também à demanda externa das Nações Unidas. A planta contará com capacidade de produção estimada de 120 milhões de frascos de vacinas e biofármacos/ano, em diferentes apresentações (quantitativo de doses por frasco) e servirá para atender prioritariamente às demandas da população brasileira por meio do Sistema Único de Saúde.
Sua construção servirá como apoio e sustentação para a ampliação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), e representa um marco nas iniciativas estratégicas do Ministério da Saúde. O futuro Campus de Santa Cruz abrigará o Novo Centro de Processamento Final (NCPFI), assim como áreas dedicadas à garantia e controle da qualidade e outras necessárias à plena operação do complexo.
Os recursos previstos pelo PAC vão financiar parte da obra do Cibs, junto com recursos externos. Saiba mais.
Texto: Agência Fiocruz de Notícias
Imagem: Pedro Paulo Gonçalves