A meningite continua sendo uma ameaça significativa para a saúde pública internacional, mesmo com a existência de vacinas eficazes para prevenir as principais causas da doença. Com o objetivo de reforçar as ações para eliminar a epidemia de meningite bacteriana, reduzir as mortes provocadas por ela, prevenir a incapacidade e melhorar a qualidade de vida dos sobreviventes, o Ministério da Saúde do Brasil está elaborando um plano nacional para derrotar as meningites até 2030, alinhado com os objetivos regionais e mundiais definidos pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O processo de construção do plano do Brasil iniciou em 2023 e será finalizado em outubro de 2024. Com isso, o país poderá ser o primeiro da região das Américas com um plano estruturado para essa finalidade. A conclusão das diretrizes e atividades propostas no plano foi debatida em um workshop realizado nos dias 19 e 20 de agosto, em Brasília, com a presença de diferentes secretarias do Ministério da Saúde e especialistas da OPAS e da OMS.
Na mesa de abertura do workshop, a coordenadora do Programa Integral de Imunização do escritório da OPAS no Brasil, Lely Guzmán, destacou a importância de o país ter aceitado o desafio e assumido o compromisso em derrotar essa doença que pode ser mortal.
“Esse compromisso é muito importante também para a Região das Américas que mostra uma experiência bem-sucedida do Brasil para que outros países também possam implementar planos como esse”.
O texto propõe ações articuladas e integradas ao Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, cobrindo cinco pilares essenciais: prevenção e controle de epidemias; diagnóstico e tratamento; vigilância epidemiológica; apoio e assistência para as pessoas afetadas; e comunicação e compromisso.
Ainda na mesa de abertura, o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunização da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), Eder Gatti, destacou o impacto das vacinas para o cenário epidemiológico das meningites nas últimas décadas e a importância de somar-se a isso uma abordagem ampla da saúde, reunindo diversas secretarias do Ministério, para derrotá-las até 2030.
“Nós temos condições de melhorar ainda mais o cenário epidemiológico a favor da nossa população, salvando vidas. Tenho certeza de que o trabalho que está sendo desenvolvido aqui, com o apoio da OPAS e da OMS, de primeira qualidade, vamos conseguir dar uma resposta e oferecer um plano bom para a nossa população”.
Também estiveram presentes, o oficial técnico de meningite em representação do departamento de Emergências da OMS, Joaquin Baruch; a assessora do programa da resistência aos antimicrobianos e ponto focal do plano para Derrotar a Meningite até 2030 na sede da OPAS em Washington, D.C, Nathalie El Omeiri; a consultora de Imunização na sede da OPAS em Washington, D.C, Maria Tereza da Costa; a diretora do departamento de Estratégias e Políticas de Saúde Comunitária da Secretaria de Atenção Primária (SAPS), Evellin Silva; o diretor do departamento de Atenção Especializada e Temática da Secretaria de Atenção Especializada (SAES), Aristides Oliveira.
Meningite
A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que protegem o cérebro, e da medula espinhal, podendo ser causada por bactérias, vírus, fungos e/ou parasitas, sendo as virais e bacterianas as mais comuns e com maior potencial de produzir surtos. Entre os principais sintomas estão dor de cabeça, rigidez do pescoço, febre alta e mal-estar.
Uma em cada cinco pessoas infectadas fica com uma deficiência permanente após a infecção, o que impacta gravemente o bem-estar das famílias afetadas.
O Brasil oferece no SUS sete vacinas contra 4 bactérias que causam a doença (meningococo - A, C, W e Y - ; pneumococo, Haemophilus influenzae tipo B e o bacilo da tuberculose).
Texto: OPAS, com adaptações
Imagem: Raquel Portugal