Para apresentar os principais desafios na pesquisa, desenvolvimento e inovação em vacinas, biofármacos e reativos para diagnósticos, estudantes, pesquisadores e especialistas se reúnem, até o dia 07 de maio, na terceira edição do Seminário Anual Científico e Tecnológico de Bio-Manguinhos. 

Na mesa de abertura do evento, realizado no Museu da Vida, o diretor de Bio-Manguinhos, Artur Couto, reforçou a importância do evento para estimular a pesquisa e inovação no país, relembrando os 39 anos do Instituto, comemorados no dia 4 de maio. "Este seminário é estratégico e faz parte do nosso desafio de criação de uma base científica forte. Nitidamente, a qualidade dos trabalhos vem crescendo e isso é resultado de todo esforço e dedicação das equipes", reforçou.

O presidente do Conselho Político e Estratégico de Bio-Manguinhos, Akira Homma, saudou os parceiros presentes e relembrou o processo de criação do Seminário, que teve sua primeira edição em 2012, visando a preparação de pesquisadores. "Este encontro de hoje já é uma etapa inicial do seminário internacional que teremos em 2016, quando comemoraremos os 40 anos de Bio-Manguinhos", adiantou.



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Primeiro dia do evento discutiu desafios da ciência e saúde

 

Homma citou ainda que diversos jovens talentos premiados em edições anteriores do Sact também receberam reconhecimento por seus trabalhos em outras instituições. "Este espaço foi criado para troca de conhecimentos e é uma forma efetiva de difundir a base científica e tecnológica. O fortalecimento institucional de Bio-Manguinhos está diretamente relacionado à capacitação de seus colaboradores", reiterou. 

A vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Nísia Trindade, fez uma fala inicial, destacando a importância do evento para a promoção da inovação na Fiocruz. "É muito importante que uma unidade tenha este momento de debate, como é o Sact, para pensar a ciência e tecnologia em sociedade", frisou.


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"A grande aposta que temos para os próximos anos é a produção de biológicos",
apontou o representante do Ministério da Saúde

O diretor de Produção Industrial e Inovação do Ministério da Saúde, Eduardo Jorge Valadares Oliveira, destacou o papel de Bio-Manguinhos dentro do Complexo Industrial da Saúde, com a produção de insumos, citando também os desafios que a unidade terá em sua transformação em empresa pública. 

Representando o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Jorge Bermudez, elogiou a oportunidade que o seminário traz para o debate de temas fundamentais para o país, pelos impactos que tem para a saúde pública. "Estamos em um momento de efervescência de temas cientificos, como o acesso ao Patrimônio Genético, Código de Ciência e Tecnologia e os desafios da nanotecnologia. Esses quatro dias de eventos nos permitirão produzir conhecimentos para influenciar positivamente os rumos das políticas públicas no Brasil", reforçou.

Ciência à brasileira

O pesquisador sênior do Centro de História da Ciência da Universidade de São Paulo (CHC/USP), Shozo Motoyama, relembrou momentos marcantes da história da ciência brasileira, desmistificando a visão de que não houve produção científica na Colônia e Império. Ele considera que as novidades nas áreas de eletromagnetismo e química foram as matrizes das grandes descobertas científicas da atualidade.

Motoyama citou a importância dos avanços da microbiologia, com Louis Pauster, para o tratamento de diversas doenças. No cenário brasileiro, Shozo afirmou que as mudança mais significativas ocorreram com a criação das primeiras políticas de Ciência e Tecnologia e de diversas escolas e instituições, como o Instituto Adolpho Lutz, Vital Brazil e Pauster. "Isso comprova o valor da união de cientistas e pesquisadores para produção de soluções que tragam mudanças para a vida das pessoas", afirmou.

E para pensa apenas que Oswaldo Cruz foi um herói unicamente brasileiro, ele considera que Manguinhos é uma referência internacional na área de saúde pública, uma grande escola e berço da ciência. Ele apontou a importância de fazer a ciência em rede, reunindo pesquisadores de diferentes instituições, com foco multidisciplinar, para produção de conhecimento sobre os temas do futuro: inteligência artificial, robótica, biotecnologia, biologia molecular e genômica.

Ele concluiu sua apresentação afirmando que os estudantes e pesquisadores precisam unir esforços para produzir uma ciência nacional independente e que atenda aos anseios da sociedade.

Investimentos do Ministério 

Após os debates iniciais, o representante do Ministério da Saúde, Eduardo Jorge Valadares Oliveira apresentou a importância da inovação tecnológica como promotora do crescimento econômico. No contexto atual, em que os produtos com grande conteúdo tecnológico tem cada vez maior impacto no orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS), a introdução de biossimilares provocará acesso a novas tecnologias, redução de preços, estímulo a produção nacional e entrega de insumos de qualidade para o mercado interno.

Mas, ele adianta que além da estratégia de absorção da tecnologia, é preciso atrelá-la ao desenvolvimento e inovação. Em relação às Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs), ele afirma que as PDPs podem ser consideradas os principais mecanismos para facilitar a aquisição de farmoquímicos, reduzindo a dependência produtiva e tecnológica.

Para ele, a Portaria Interministerial 128/08 foi um marco para a contratação pública de medicamentos e fármacos. "Entre 2009 e 2013, tivemos 104 PDPs estabelecidas. Hoje temos 98 parcerias em execução, envolvendo 69 parceiros, sendo 19 públicos e 50 privados. Com estas parcerias, entre 2010 e 2015 foram economizados 1 bilhão de reais. Em relação aos produtos biológicos, são 27 PDPs vigentes", declarou. Valadares apresentou as novas etapas para a constituição de uma parceria, dividida em quatro fases.

Ele considera que os grandes desafios para este modelo são a integração dos instrumentos de financiamento, otimização dos processos regulatórios e atendimento dos requisitos da incorporação tecnológica. "A grande aposta que temos para os próximos anos é a produção de biológicos", apontou.

Também estiveram presente ao evento o vice-presidente da Associação Brasileira de Química Fina (Abifina), Nelson Brasil, e o diretor do Instituto Evandro Chagas (IEC/Fiocruz), Pedro Vasconcelos.

 

Jornalista: Isabela Pimentel

Imagens: Bernardo Portella

  

 

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