comunicacao e saudeNo ultimo dia 25, o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz) abriu o ano letivo do Programa de Pós-graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS) com a palestra "Comunicação e o Campo da Saúde", ministrada pelo professor e pesquisador Adriano Duarte Rodrigues, da Universidade Nova de Lisboa.

O evento foi realizado no Salão de Leitura Henrique Leonel Lenzi, na Biblioteca de Manguinhos, sendo uma atividade do Centro de Estudos. A aula inaugural faz parte das festividades dos 29 anos do Instituto, a serem comemorados dia 7 de abril.

Compondo a mesa de abertura, estavam a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, o director da unidade, Umberto Trigueiros Lima e o coordenador do PPGICS, Paulo Roberto Borges de Souza Júnior. Todos deram recado aos alunos dos cursos do Icict para que aproveitassem ao máximo a experiência do especialista e desejaram um ótimo ano de estudos.

O professor Adriano já começou com uma afirmativa polêmica, dizendo que a saúde é uma “experiência negativa, pois só nos damos conta dela quando o organismo falha ou quando estamos morrendo”. Ele descorreu sobre essas falhas, que são defeitos ou excessos que ocorrem nos órgãos.

“É uma experiência reativa. Esses problemas são considerados experiências modernas, composta por diversas camadas, nos quais todos os seres humanos vivenciam fundadas nas observações do que acontece ao nosso redor. Quando falo moderna não é dos dois últimos séculos, é desde o início dos tempos. Só podemos comunicar sobre saúde depois de experimentar os fenômenos que presenciamos”, explicou.

 

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 Segundo Adriano, saúde é uma "experiência negativa". Imagem: Divulgação

 

No momento em que há a fragmentação da experiência, segundo Adriano, é quando surge o campo da saúde. Ele considera um momento marcante a aprendizagem técnica da dissecagem de cadáver no século XVI. “Para conhecer melhor a anatomia, tivemos que aprender pela observação e inspeção. O domínio da saúde veio da racionalidade disciplinar do campo da ciência. Este foi o instante em que tivemos a licenciatura para intervir e corrigir os excessos e os defeitos que citei anteriormente”, destacou.

Mas, a linguagem médica torna “agonizante a relação entre a comunicação e a saúde”, segundo o professor. “Os discursos sobre doença e saúde registrados em livros no decorrer da historia confrontam com as experiências holísticas. O desafio da linguagem em campanhas de saúde publica para combater epidemias ou para evitar problemas sanitários está em decifrar o discurso medico, que é tão rigoroso e cheio de normas. Este é o principal conflito do campo da comunicação. Nós somos obrigados a usar um discurso esotérico, no qual qualquer pessoa consiga entender, voltada para os leigos. É o maior desafio para os estudiosos da área de comunicaçãoe saúde”, problematizou Adriano.

Para finalizar, o pesquisador recomenda que os profissionais da área tenham um olhar disponível para observação etnográfica. “É necessário desenvolver mecanismos de interpretações de sinais que as pessoas manifestam. Lidamos com quadros heterogêneos, o que torna a nossa profissão mais enriquecedora”, conclui Adriano.

 

Jornalista: Gabriella Ponte

 

Confira alguns artigos científicos de Adriano Duarte Rodrigues:

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