Reduzir os impactos negativos que os procedimentos diagnósticos têm em pacientes pediátricos. Com este compromisso, médicos e enfermeiras do Instituto da Criança (ICr), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), criaram o programa Diagnóstico Amigo da Criança. O objetivo do projeto é racionalizar o emprego de métodos diagnósticos, sejam de imagem, laboratório clínico ou testes funcionais, visando maximizar os benefícios, com o mínimo de riscos atuais e futuros. Uma das metas é poupar crianças e adolescentes de sofrimento físico e agravos psicológicos evitáveis.

A iniciativa, voltada para a humanização e para a segurança dos procedimentos, vem, desde março de 2012, sendo adotada em diversos exames. Já foram implantados micrométodos para as análises laboratoriais mais solicitadas em berçários, unidades de terapia intensiva (UTI) e ambulatórios (hemograma, gasometria, ionograma, coagulograma, exames microbiológicos e imunológicos). Para isso, o Instituto da Criança está investindo na aquisição de tubos especiais para a chamada “microcoleta”.

 

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Recepção do Centro Diagnóstico Amigo da Criança


A presidente do Conselho Diretor do Instituto da Criança do HC-FMUSP, Magda Carneiro Sampaio, conta que, no início, o programa enfrentou dificuldades para aquisição de equipamentos avançados, como os de tomografia computadorizada com dose reduzida de radiação e ressonância magnética. "Nosso grande desafio cotidiano é fazer com que os médicos reflitam sobre a real necessidade de cada exame (de imagem e laboratoriais) que solicitam. Essa tem sido uma luta constante por essa conscientização de que é preciso haver uma razão para pedir cada exame e que tem sempre que estar ligada à investigação de uma hipótese diagnóstica estabelecida com base nos dados clínicos. Uma aula sobre o Programa tem sido dada na recepção aos novos médicos residentes do ICr desde 2013", detalha.


Ações em andamento

Para reduzir a exposição da criança à radiação ionizante (raio X), utilizada nas radiografias convencionais e em doses altíssimas nas tomografias computadorizadas, o projeto incentiva a realização de ultrassonografias (USG) e ressonâncias magnéticas, em que não há uso desse tipo de radiação. "Nosso programa tem sobretudo um caráter educativo e visa resgatar o valor dos dados clínicos para o diagnóstico. Uma questão que me parece muito limitante é o tempo escasso que o médico dispõe para a consulta", analisa Magda.

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Centro Diagnóstico Amigo da Criança

 

O radiologista do Programa, Marcelo Valente, explica que um dos principais resultados encontrados no Serviço de Diagnósticos por Imagem foi o início da operacionalização do equipamento de Ressonância Magnética, o que permitiu uma significativa redução na realização de estudos que empregam a radiação ionizante, como por exemplo, a tomografia computadorizada. “Em uma avaliação de pacientes da onco-hematologia, esta redução foi superior a 70%”, avalia.

Outro ganho foi a redução da necessidade de anestesia para a realização de procedimentos diagnósticos, devido a melhoria dos equipamentos e dos protocolos assistenciais, cada vez mais rápidos e direcionados. “Assim, pudemos reduzir em 3% a necessidades de estudos com suporte anestésico”, comemora.

Em relação às novas práticas assistenciais, iniciou-se a mudança do “tradicional” pedido de Raio X de tórax (frente e perfil) para Raio X de Tórax (frente e incidência complementar se necessária).


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Abordagem comportamental para reduzir a necessidade
de anestesia e sedação na Tomografia
 

Melhorias para crianças

O presidente da Academia Brasileira de Pediatria (ABP), José Martins Filho, ressalta que a instituição tem incentivado e apoiado todas as iniciativas que visam a melhoria da vida das crianças. “Por isso, sempre que algum acadêmico ou pediatra nos envia projetos, ideias ou propostas, elas são imediatamente colocadas em discussão entre todos os acadêmicos e a seguir, se aprovadas, são implementadas”, aponta.

Assim, iniciativas como o apoio ao aleitamento materno, contra a terceirização infantil, as relações familiares, a utilização de arte terapia no universo infantil e outros projetos tem sido objeto de preocupação da ABP. Martins acredita que a divulgação destes temas é capaz de fazer com que os laboratórios médicos e serviços de produção de imagens médicas levem em consideração as diferenças fundamentais entre pacientes infantis e adultos, adequando os procedimentos com o menor potencial de risco, de agressividade e tentando, ao máximo, diminuir o sofrimento da criança.



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Maior valorização dos dados clínicos pode minizar abordagens invasivas
 

“Temas como esse são muito bem recebidos por todos os acadêmicos e nossa missão é divulgar ao máximo qualquer conquista, médica ou laboratorial, que minimize os sofrimentos de nossas crianças. Uma das funções da Academia é transferir para a área leiga os conhecimentos médicos necessários para a realização de uma prática pediátrica eficiente e o menos agressiva possível”, reforça.

O vice-presidente da ABP, Álvaro de Lima Machado, acredita que o Blog da instituição tem sido um espaço muito importante para o debate e divulgação do Diagnóstico Amigo da Criança. “É um local para fazer todos aqueles que lidam com criança verem que a pediatria não é apenas uma matéria de diagnóstico, a ser atingido a qualquer preço e a qualquer custo físico, psíquico e social da criança”, afirma.

Sobre o Blog da ABP


Para debater problemáticas atuais que as famílias enfrentam com suas crianças, a Academia Brasileira de Pediatria (ABP) lançou o Blog da Academia em novembro de 2013. A ABP é um órgão de aconselhamento e assessoramento do Conselho Superior e da diretoria da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) que visa colaborar com ações que facilitem a continuidade de uma política em prol da criança e do adolescente.

José Martins Filho, presidente da Academia Brasileira de Pediatria, e Reinaldo Martins, secretário da ABP e consultor científico de Bio-Manguinhos, tiveram a ideia de lançar um blog pois o site é mais informativo e formal e era preciso um meio mais informal e interativo. “O blog ainda está em construção, mas já é possível conhecer um pouco da história da academia. Além disso, queremos disponibilizar imagens das nossas ações e vídeos nos quais o presidente da ABP, José Martins Filho, explica sobre problemas em destaque na sociedade contemporânea, como alienação parental e crianças terceirizadas”, contou Reinaldo, que já foi presidente da academia.

 


Jornalista: Isabela Pimentel 
Imagens: Instituto da Criança do HC-FMUSP / Divulgação

 

 

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