Após mais de dois anos de interrupção da exportação da vacina contra febre amarela, o Brasil, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), retoma a capacidade instalada, tanto para atender 100% a demanda interna quanto para vender para outros países. Entre 2017 e 2018, o país suspendeu a exportação da vacina, para voltar toda sua produção à população brasileira, que passava por surto da doença. Outro importante fator que impulsionou essa retomada foi a aprovação da Lei 13.801/2019, que determina que os recursos adquiridos com a exportação desse insumo retornem à Fiocruz, permitindo o reinvestimento na produção dessa e de outras vacinas, e em pesquisas. Assim, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fiocruz, fornecerá, entre 2019 e 2020, 23 milhões da vacina para a Organização Pan Americana de Saúde (Opas) e Unicef.

O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, nesta terça-feira (22), no Rio de Janeiro, durante a 20ª Reunião Geral Anual da Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN, na sigla em inglês). O encontro, que prossegue até o dia 24, contará com a participação da diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne, além de representantes da Organização Mundial da Saúde, da Unicef, da Fundação Bill & Melinda Gates, dentre outras instituições. Também participam 59 especialistas do Brasil e de outros 13 países. Serão discutidos temas como os avanços tecnológicos na área, acesso equitativo a vacinas no mundo, e os desafios atuais da indústria com ênfase na atuação dos países em desenvolvimento e oportunidades de parcerias.

 

foto ministro dcvmn

Anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, nesta terça-feira (22/10/19), durante encontro com
produtores de vacina 
internacionais no Rio de Janeiro (Foto: Renata Momoe/Ministério da Saúde)

O Brasil é o maior produtor público de vacina contra febre amarela no mundo, ao preço de R$ 4,15 (cerca de US$ 1,00). Atualmente apenas mais três países, também, produzem o insumo: Rússia, França e Senegal. Com a retomada da exportação brasileira, já foi disponibilizado 1,2 milhão de doses pela Fiocruz. Por meio de Bio-Manguinhos, além de atender aos programas regulares do Ministério da Saúde e situações emergenciais no Brasil, a Fiocruz atua na contenção de surtos e epidemias em nível global. O Instituto tem a sua vacina de febre amarela pré-qualificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2001, o que a torna apta a ser adquirida pelas Agências das Nações Unidas. Desde então, mais de 160 milhões de doses foram exportadas, abrangendo mais de 70 países endêmicos.

Com o objetivo de reforçar seu compromisso com a eliminação global de doenças de saúde pública, por meio do compromisso de ampliar a capacidade produtiva e de inovação tecnológica instalada no país, o Ministério da Saúde, por meio de um modelo público-privado, irá investir R$ 3 bilhões na construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (Cibs), em Santa Cruz (RJ). O local terá capacidade para produzir 120 milhões de frascos por ano, podendo chegar até 1 bilhão de doses anuais, dependendo do mix de produtos. Outra importante ação prevista é uma iniciativa de financiamento global coordenada pelo Ministério da Saúde, com apoio da Fiocruz, que visa o estímulo de projetos em estágio avançado de desenvolvimento de vacinas para a aplicação de novas tecnologias e o enfrentamento de doenças negligenciadas, como malária. Nesse sentido, já encontra-se em fase final de desenvolvimento a vacina contra esquistossomose pela Fiocruz.

No âmbito do Movimento Vacina Brasil, que conta com uma série de ações integradas do Ministério da Saúde para melhorar as coberturas vacinais, o apoio ao desenvolvimento de vacinas do governo brasileiro visa contribuir para o atendimento dos objetivos da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU): “Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades”, com destaque para o combate a doenças imunopreviníveis; e “Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação”.

Encontro internacional

Vacinas, inovações para o bem. Com esse lema, a Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN, na sigla em inglês) realiza sua 20ª Reunião Geral Anual, entre 21 e 24 de outubro no Sheraton, no Rio de Janeiro. O encontro dá a largada para a comemoração dos 120 anos da Fundação Oswaldo Cruz, e contará com visitação aos laboratórios de produção de vacinas da Fiocruz, que fazem parte de seu Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz).

Criada em 2000, a iniciativa DCVMN abrange atualmente 50 produtores de 17 países e territórios, que fabricam e fornecem mais de 40 tipos de vacinas em diversas apresentações, totalizando 200 produtos, sendo 40 deles pré-qualificados pela OMS. O objetivo da rede é fortalecer e alavancar a produção e a inovação para atender aos desafios de saúde global com vacinas eficazes, efetivas e acessíveis para todos.

 

Fonte: Regina Xeyla, da Agência Saúde

 

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