A Organização Mundial da Saúde (OMS) e seu braço regional nas Américas (OPAS) publicaram na terça-feira (30) uma nota de esclarecimento sobre o surto do vírus zika para tirar dúvidas da população acerca da doença. As informações são baseadas nas mais recentes evidências científicas.

Confira abaixo algumas das perguntas respondidas pelos organismos internacionais:

 

O Aedes pode voar de um país ao outro ou de uma região a outra?

O Aedes aegypti não consegue voar por mais de 400 metros. Entretanto, existe a possibilidade de o mosquito ser transportado de um lugar para outro acidentalmente e introduzir o vírus zika em novas áreas.

 

Por que a OMS está focando no Aedes como o principal vetor do zika? Ele é bastante conhecido para justificar a atual concepção do programa de controle de vetores?

Todos os estudos realizados até o momento na África, Ásia, Pacífico e Américas sustentam a conclusão de que o Aedes aegypti é o principal vetor e um mosquito da mesma família, o Aedes albopictus, é um potencial transmissor do vírus zika.

Ambas as espécies se reproduzem e vivem perto ou dentro de habitações humanas, preferindo picar humanos a outros hospedeiros animais, e uma extensa documentação tem mostrado suas capacidades de transmitir o zika. Entretanto, pesquisas recentes realizadas no Brasil mostram que mosquitos Culex também podem transmitir o vírus.

Um estudo conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco detectou a presença do vírus zika em mosquitos Culex quinquefasciatus. Essas amostras foram coletadas em Recife, no Brasil, em casas de pessoas que foram infectadas com o zika. Mais estudos sobre a potencial transmissão pelo Culex são necessários

As recomendações de controle vetorial da OMS focadas nos mosquitos Aedes também são muito eficientes contra outros vetores, incluindo o Culex.

A gama de métodos para reduzir a população de mosquitos inclui a pulverização das paredes e interiores de casas, pulverização dentro de espaços, controle larval e eliminação de criadouros. O controle do vetor é recomendado junto às medidas de proteção pessoal, tais como o uso de repelentes e camas com mosqueteiros durante o dia e a noite, entre outros.

 

Qual é a diferença entre o Aedes e o Culex?

O Aedes transmite o vírus zika e outras doenças que carrega de forma mais eficaz que o Culex, uma vez que ele costuma picar as pessoas durante o dia e é mais adaptado a viver dentro e em torno de assentamentos humanos.

O Culex se prolifera em águas poluídas, colocando seus ovos no mesmo local de reprodução, e prefere se alimentar de apenas uma pessoa. Enquanto isso, o Aedes põe seus ovos em diversos locais e se alimenta de várias pessoas – espalhando as doenças que carrega consigo de forma mais ampla na localidade.

 

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Existe a possibilidade de o Aedes aegypti ser transportado de um lugar
para outro acidentalmente e introduzir o vírus zika em novas áreas.
Imagem: Creative Commons

 

Zika, gravidez e transmissão por via sexual

 

Mulheres podem transmitir o vírus zika para seus fetos durante a gravidez ou no momento do parto?

A transmissão do vírus zika de mulheres grávidas para seus fetos foi documentada. Mulheres grávidas em geral, incluindo aquelas que desenvolveram sintomas de infecção pelo vírus zika, devem procurar o serviço de saúde para acompanhar de perto a gestação.

 

Mães infectadas pelo vírus zika podem amamentar seus bebês?

O vírus zika foi detectado no leite materno. Entretanto, não há evidências de que o vírus possa ser transmitido de mãe para filho durante a amamentação. A OMS recomenda a alimentação de bebês exclusivamente com leite materno durante ,pelo menos, os primeiros seis meses de idade.

 

O que as pessoas podem fazer para se protegerem da transmissão sexual do vírus zika?

Todas as pessoas que foram infectadas pelo vírus zika e seus parceiros sexuais – particularmente mulheres grávidas – devem receber informações sobre os riscos da transmissão sexual do zika, opções de métodos contraceptivos e práticas sexuais seguras. Quando viável, devem ter acesso a preservativos, fazendo seu uso correto e regular.

Gestantes devem ser aconselhadas a não viajar para áreas onde surtos do zika estão em curso. Os parceiros sexuais de mulheres grávidas que vivem ou retornam de áreas onde há transmissão local do vírus devem praticar sexo seguro ou se abster de relações sexuais por pelo menos a duração da gravidez.

É fortemente recomendado aos casais ou mulheres que planejam engravidar e que vivam ou estejam retornando de áreas onde a transmissão do vírus zika é conhecida que esperem por pelo menos oito semanas até a tentativa de concepção; e seis meses, caso o parceiro masculino tenha apresentado sintomas de infecção.

Homens e mulheres que regressam de áreas onde o zika circula devem praticar sexo seguro, inclusive por meio do uso correto e contínuo de preservativos, ou se abster de relações sexuais por pelo menos oito semanas. Homens que apresentaram sintomas — erupções na pele, febre, artralgia, mialgia ou conjuntivite — devem praticar sexo seguro ou se abster de relações sexuais por um período de pelo menos seis meses.

Homens e mulheres em idade reprodutiva que vivem em áreas onde há transmissão local do vírus zika devem considerar adiar a gravidez e seguir as recomendações — incluindo o uso correto e regular de preservativos — para prevenir o HIV, outras infecções sexualmente transmissíveis e gravidezes indesejadas.

 

Mulheres grávidas devem participar dos Jogos Rio 206? E seus parceiros?

Mulheres grávidas não devem viajar para áreas onde há transmissão do vírus zika, incluindo o Rio de Janeiro. Os parceiros sexuais das gestantes que retornarem de áreas com circulação do vírus devem praticar sexo seguro ou se abster de relações sexuais durante a gestação.

 

O que as mulheres expostas ao sexo desprotegido, que não desejam engravidar pela possibilidade de infecção pelo zika, devem fazer?

Todas as mulheres e meninas devem ter fácil acesso à contracepção de emergência, incluindo informações e aconselhamento precisos, bem como métodos acessíveis.

 

Distúrbios neurológicos em bebês infectados

 

O vírus zika é uma causa da microcefalia e da Síndrome de Guillain-Barré?

Com base em um crescente corpo de pesquisas preliminares, há consenso científico de que o vírus zika é uma causa da microcefalia e da Síndrome de Guillain-Barré.

Embora intensos esforços continuem a reforçar e refinar a ligação entre o vírus e uma variedade de distúrbios neurológicos dentro de um rigoroso quadro de investigação, uma corrente de estudos de casos notificados recentemente, bem como um pequeno número de estudos caso-controle e corte, apoiam a conclusão de que existe uma associação entre o vírus zika, a microcefalia e a Síndrome de Guillain-Barré.

 

Existe uma ligação entre o zika e outros distúrbios neurológicos? 

Relatórios de casos recentes sugerem que pode haver uma ligação entre o zika e outros distúrbios neurológicos, como mielite — inflamação da medula espinal — ou anormalidades cerebrais em varredura na ausência de microcefalia.

A OMS e seus parceiros têm agido com base nos relatórios emergentes sobre outras manifestações neurológicas e a avaliação das evidências para essas condições está em curso, assim como para microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré.

 

Confira a nota de esclarecimento na íntegra aqui.

 

Fonte: Nações Unidas no Brasil

Imagem da home: UNICEF/BRZ/Ueslei Marcelino

 

 

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