Dor, inchaço e rigidez nas articulações. Atenção aos sintomas clássicos da artrite reumatoide (AR), porque o diagnóstico precoce pode evitar as deformidades provocadas por essa doença crônica e inflamatória, que compromete articulações e costuma causar desgaste ósseo, incapacitando os pacientes de executarem mesmo tarefas simples.

Para que a identificação aconteça mais cedo, é importante saber que não se trata de uma doença de idosos, um dos mitos relacionados à enfermidade. A idade média em que os brasileiros recebem o diagnóstico é 39 anos, auge da vida produtiva. Segundo Rina Giorgi, diretora do Serviço de Reumatologia do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo, epidemiologicamente, antes dos 50 anos, a doença atinge três mulheres para cada homem.

Nos últimos anos, a abordagem sobre o mal passou por uma revolução. Essa se deve não só à chegada de medicamentos, mas também a uma mudança de estratégia. A nova estratégia é a chamado treat to target, em que o alvo é a remissão da doença, já que ainda não existe cura. “E, para isso, o grande problema não é o remédio, que está na rede pública. O problema é o acesso ao especialista para o diagnóstico. O paciente custa a chegar ao reumatologista e, até lá, fica passando por vários médicos”, lamenta Giorgi. Ainda é muito comum que a população, em caso de dor, procure o ortopedista, sendo que as dores músculo-esqueléticas (relacionadas aos músculos e às articulações) podem ser da área de atuação da reumatologia.

Pesquisa realizada com 3.649 pacientes de 13 países, incluindo o Brasil, revela que, mesmo para as pessoas já diagnosticadas, é um desafio obter informações corretas sobre a doença. O levantamento — que faz parte da iniciativa internacional RA NarRAtive (Rheumatoid Arthritis), parceria de um painel global de médicos e organizações de pacientes — alerta sobre as consequências do diagnóstico e da adesão ao tratamento tardios. “Quanto mais cedo for diagnosticado, mais rapidamente o paciente poderá ser tratado, diminuindo a atividade da doença, prevenindo danos irreversíveis, aliviando a dor e melhorando a qualidade de vida”, explica Rina Giorgi.

O público feminino representou 67% dos entrevistados, dos quais 37% tinham entre 18 e 44 anos; 32% tinham entre 45 e 54 anos; 21%, entre 55 e 64 anos; e 11%, 65 anos ou mais. Vinte por cento dos pacientes brasileiros relataram ter AR grave. Tendo em vista a complexidade da doença, 95% afirmaram ter alguma preocupação ligada à patologia, principalmente quanto ao impacto sobre a qualidade de vida e à extensão dos danos provocados nas articulações. A maioria dos pacientes (55%) reclamou do estigma decorrente da doença, que também acaba interferindo na vida profissional. Isso porque, segundo a pesquisa, o medo de sofrer discriminação desestimulou 19% a procurar emprego. Outros 22% não buscam apoio emocional na família, e 17% evitam se socializar com parentes e amigos.

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Remédios

Um dos aspectos avaliados na pesquisa foi a adesão ao tratamento. Quase 60% dos pacientes o definem como bem-sucedido quando o inchaço e a inflamação nas articulações diminuem. Setenta e nove por cento gostariam de tomar menos remédios, e 67% desejam dispor de mais opções. Além disso, sete em cada 10 desejam mudar algo nos remédios existentes. As principais alterações se referem à eficácia no alívio dos sintomas (29%), ao número de eventos adversos (24%) e à frequência para tomar o medicamento (25%).

Segundo Rina Giorgi, há hoje quatro classes de medicamentos para artrite reumatoide, as chamadas drogas modificadoras do curso da doença reumática, também conhecidas como DMARD, que controlam o processo inflamatório. Essas podem ser sintéticas, sintéticas alvo-específicas, biológicas e biossimilares.

Segundo Lícia Mota, presidente do Comitê de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), do Serviço de Reumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), o tratamento deve começar meses ou mesmo semanas depois da manifestação da doença para que seja possível prevenir as sequelas, depois irreversíveis. “Se o paciente chegasse ao reumatologista precocemente, conseguiríamos fazer o diagnóstico e logo tratá-lo, mas, muitas vezes, ele se automedica com corticoides e anti-inflamatórios. Ele não muda o curso de evolução da doença, a dor nem passa e ele perde a janela de oportunidade, que é iniciar o tratamento em até 12 semanas”, lamenta. A maior parte das deformidades vem exatamente nos primeiros anos da doença.

 

Fonte: Correio Braziliense

 

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