O segundo dia do Seminário Anual Científico e Tecnológico de Bio-Manguinhos, que acontece de 12 a 14 de agosto, no auditório do Museu da Vida, no Campus de Manguinhos, foi dedicado à discussão dos Desafios, gargalos e perspectivas em desenvolvimento tecnológico e produção no Brasil de reativos para diagnóstico e biofármacos.


A mesa da manhã, coordenada pelo vice-diretor da Fiocruz Paraná, Mário Moreira, focou nessas questões envolvendo reativos. “A inovação na área de diagnósticos é mais acelerada do que nos campos farmacêutico e das vacinas. Por ano, a gente tem não só novos produtos como novas plataformas tecnológicas moldando a indústria, como, por exemplo, os marcadores moleculares e a nanotecnologia”, afirmou, acrescentando que isso acaba sendo uma dificuldade para o Brasil acompanhar o desenvolvimento tecnológico nessa área. Moreira ressaltou, também, a mudança recente nas políticas públicas de saúde em que o governo federal vem utilizando o seu poder de compra para estimular a inovação no país.


Em seguida, o diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, apresentou a palestra Desafios, gargalos e perspectivas para o diagnóstico laboratorial das doenças transmissíveis no Brasil. Segundo ele, um dos gargalos está no tempo para se confirmar uma suspeita. “Às vezes espera-se até quatro semanas para termos a confirmação laboratorial do diagnóstico. Durante esse período há uma grande mobilização do sistema, que é desperdiçada no caso da suspeita não se confirmar”. Para Maierovitch, “é possível encurtar esse tempo para garantir respostas mais rápidas”.


Em sua apresentação, ele adiantou que de um total de R$ 93 milhões previstos no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2014, R$ 28 milhões serão destinados à Fiocruz no campo das doenças infecciosas. Outra novidade foi o desenvolvimento de um teste rápido voltado para o diagnóstico da tuberculose, “que representa um enorme avanço em relação aos métodos existentes”.

 

Para Cláudio Maierovitch, um dos gargalos está no tempo para se confirmar uma suspeita

Para Cláudio Maierovitch, um dos gargalos está no tempo para se confirmar uma suspeita


Também presente à mesa, o professor do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Amilcar Tanuri, destacou que o Brasil precisa ter uma fabricação nacional consistente de testes de diagnóstico e que ainda há um longo caminho a percorrer nessa área. “É preciso reforçar o sistema público, pois as empresas privadas respondem rápido, porém não dão atenção às doenças negligenciadas”, afirmou. O gerente do Programa de Reativos para Diagnóstico de Bio-Manguinhos, Antonio Gomes Ferreira, outro convidado da sessão, disse, entre outras coisas, que é preciso investir em parcerias tecnológicas e na capacitação de profissionais para atuar na fronteira do conhecimento e, assim, atender e dar as respostas necessárias no campo de reativos para diagnóstico.

 

À tarde, biofármacos na pauta do debate

Na mesa da tarde, as mesmas questões foram debatidas, porém voltadas a biofármacos e com novos participantes. Paulo Picon, coordenador do Instituto de Avaliação Tecnológica em Saúde (IATS), mediou as discussões, que contou com a palestra do secretário adjunto da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do MS, Leonardo Paiva. Em sua apresentação, ele abordou os desafios futuros, o que o ministério está fazendo de fato e como Bio-Manguinhos pode se posicionar dentro desse cenário. Uma das iniciativas do governo é o alto investimento em medicamentos obtidos por rota biotecnológica. Este ano, dos R$ 11,4 bilhões destinados à saúde, R$ 4,5 bi são para biofármacos, produtos de alto valor agregado.


Segundo Paiva, o governo tem como meta incrementar a produção pública, que receberá, num período de quatro anos (2012-2015), R$ 1,65 bilhões. “Esses recursos têm um destino muito claro, que é fortalecer a produção pública, fazendo-a atender aos requisitos da Anvisa e às Boas Práticas de Fabricação”, afirmou. Outra forma de obter resultados é a segunda geração das Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs), visando a produção de biotecnológicos.


Paiva afirmou que o novo modelo de PDPs tem um viés diferente: a competição tecnológica. “Sabemos que temos que ter desenvolvimento tecnológico. Por isso, para um mesmo produto, podemos ter até quatro parcerias, quem chegar primeiro terá 100% do mercado. O que estamos fazendo é induzir a velocidade para alcançarmos mais rapidamente os países que estão a nossa frente. Estamos estimulando as empresas a produzirem mais rápido”.


Também fizeram parte dessa mesa o vice-diretor da Fiocruz Paraná, Mário Moreira, a gerente do Programa de Reativos, Nádia Batoreu, e a gerente do Laboratório de Tecnologia de Anticorpos Monoclonais, Marcia Arissawa.

 

 

Jornalista: Rodrigo Pereira

 

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