bioform-capaO Bioform, sistema de relatos de casos online (eCRF) desenvolvido por Bio-Manguinhos em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), já desperta interesse efetivo de instituições públicas de saúde. Por ter decidido compartilhar a plataforma, Bio recebeu elogios de representantes do setor.


A decisão, aliás, já gerou resultados práticos – profissionais da Assessoria Clínica (Asclin) de Bio já treinaram equipes do Grupo Brasileiro de Estudos com Câncer de Mama (GBECAM), do Grupo Plataforma de Pesquisa Clínica (VPPLR/Fiocruz) e do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC). O próximo treinamento está agendado para agosto. Deverão comparecer representantes dos seguintes grupos da Rede Nacional de Pesquisa Clínica (RNPC): UFMG, HCPA e Botucatu.

Além disso, o Bioform já foi formalmente apresentado a profissionais do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Ainda em junho, o mesmo ocorre com representantes do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz).

Para avaliar a iniciativa, entrevistamos o coordenador geral de Pesquisa Clínica do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde, Sérgio de Andrade Nishioka; e o coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica (RNPC), Ricardo de Amorim Corrêa.

  

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Imagem: Serpro 

A seguir, a íntegra da conversa:


Bio-Manguinhos - Qual a importância de o Brasil contar com um eCRF desenvolvido por instituições públicas para a realização das pesquisas clínicas feitas por instituições também públicas? Há ganhos além dos econômicos?
Ricardo Corrêa - Julgo que este passo como muito importante no que se refere ao desenvolvimento de uma das ferramentas facilitadoras da execução de projetos multicêntricos públicos nacionais.
Até então, este tipo de ferramenta esteve vinculado a empresas prestadoras de serviços de pesquisa clínica e patrocinadores privados, de forma que a disponibilização desta ferramenta poderá viabilizar a integração de unidades de pesquisa do país com as características territoriais como as nossas.
Sergio Nishioka - O fato de o BioForm ter sido desenvolvido por uma instituição pública que o está compartilhando com outras instituições é um exemplo de que pode haver cooperação interinstitucional com ganhos para todos os parceiros.
Bio-Manguinhos (BM) pede uma contrapartida para as instituições que se beneficiarão do BioForm, o que será feito pelo feedback que essas instituições deverão dar sobre o eCRF, que permitirá o aperfeiçoamento do mesmo de maneira mais rápida do que se o seu uso fosse restrito a BM
Assim BM também ganha. Ganha ainda com a imagem positiva que ela terá perante as outras instituições da Rede Nacional de Pesquisa Clínica e mesmo fora desta.

Bio-Manguinhos - O fato dele ser uma tecnologia compartilhada gratuitamente, com treinamento feito por profissionais de Bio-Manguinhos, pode democratizar a pesquisa clínica dentro do setor público? A garantia de continuidade do sistema traz que segurança para o setor?
Ricardo Corrêa - Sem dúvida, pois esta é uma parte significativa do orçamento da pesquisa. Entretanto, embora seja fundamental para a organização e centralização dos bancos de dados, necessitamos avançar em outros aspectos relacionados ao financiamento dos projetos incluindo a hospedagem dos dados e a parte analítica.
Sergio Nishioka - De certa forma sim. Na minha opinião, BM oferece acesso ao eCRF a várias instituições que não teriam como arcar com os custos de um eCRF comprado no mercado, mas mesmo assim se apropriar (entender e aprender a usar) desse eCRF exige esforço que, penso eu, nem todos estarão dispostos a fazer.
Algumas instituições mais abonadas podem acabar optando por comprar eCRFs a cada estudo, outras instituições com menos recursos optarão por não adotar nenhum eCRF. Já a garantia de continuidade do sistema é excelente, mas o sucesso do eCRF ocorrerá, acho eu, se ele não der muitos problemas quando for usado num primeiro estudo.
Por isso acho que BM não deve ir ao pote com sede excessiva, melhor começar com poucas instituições, ver como a coisa anda, e aprender com as dificuldades iniciais.

Bio-Manguinhos - De que forma o Ministério pode se apropriar, através do Bioform, das informações que serão coletadas? Vislumbra ganhos para a Rede Nacional de Pesquisa Clínica?
Ricardo Corrêa - Penso que o Ministério pode e deverá atuar garantindo os processos e custos relacionados à customização do Bioform para os diversos projetos públicos bem como o funcionamento ininterrupto da central de banco de dados e hospedagem dos mesmos.
Parte significativa dos custos está envolvida nesta etapa. Este instrumento será um facilitador para a execução dos projetos da Rede vinculados às prioridades das políticas públicas de Saúde.
Sergio Nishioka - Os dados que serão coletados nos estudos terão, espero, utilidade para o SUS quando os estudos forem concluídos. O ganho que o BioForm proporcionará, pelo menos no começo, será para as instituições que compõem a RNPC, não necessariamente para a Rede como tal.
Caso, porém, vários centros da RNPC sejam treinados e se apropriem do eCRF, isso pode facilitar a execução de futuros estudos multicêntricos que porventura venham a ser demandados pelo Ministério da Saúde.

 

Jornalista: Paulo Schueler

 

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