cellular-430x285A tecnologista em saúde pública de Bio-Manguinhos, Katherine de Mattos, teve seu trabalho científico “Mycobacterium leprae intracellular survival relies on cholesterol accumulation in infected macrophages: a potential target for new drugs for leprosy treatment" escolhido para ser publicado na revista inglesa Cellular Microbiology. A relevância do reconhecimento está na escolha de melhor trabalho do mês pelo editor-chefe da revista, sendo este feito destacado no tópico Editor’s choice.

Esta publicação está entre as dez melhores no ranking das revistas científicas na área de microbiologia no mundo. Seu objetivo é publicar significantes contribuições sobre a interação entre hospedeiro e microrganismos que fortemente auxiliem no entendimento de processos e mecanismos biológicos únicos. O trabalho será publicado na edição de junho, mas já está disponível no site da revista.

É importante citar que esta pesquisa ganhou o Prêmio Alcides Godoy, no Seminário Anual Científico e Tecnológico de Bio (SACTBio) no ano passado. Este trabalho foi realizado quando Katherine ainda estava no Instituto Oswaldo Cruz (IOC) sendo finalizado quando a mesma estava lotada em Bio. “Devido à importância e necessidade de finalizá-la, continuei desenvolvendo a pesquisa em paralelo. Este trabalho contou com a colaboração do IOC, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidades do Canadá (University of Victoria e University of British Columbia), sendo atualmente o trabalho financiado pela The Heiser Program for Research in Leprosy and Tuberculosis”, contou a pesquisadora.

 

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Katherine de Mattos ao lado de Akira Homma, Maria Cristina Brandileone, Artur Couto e
Reinaldo Menezes na premiação do seminário de 2013 - Imagem: Ascom/Bio-Manguinhos

O prêmio que ganhou no seminário a impulsionou para buscar reconhecimento internacional. “A importância da aceitação pela comunidade científica no Brasil alimentou a nossa vontade de continuar e expor o nosso trabalho para a comunidade internacional. A condecoração no seminário foi recebida com muita alegria, reflete o reconhecimento de um trabalho fruto da dedicação à pesquisa. A premiação contribuiu para disseminar a necessidade de investimento em pesquisa básica que é a base racional de uma visão empreendedora no ramo industrial. O seminário retém este conceito em sua essência, garimpando pesquisas de excelência na comunidade científica com potenciais aplicabilidades”, relatou Katherine.

 

Elogios

O diretor de Bio-Manguinhos, Artur Couto, parabenizou Katherine por sua conquista. “Muito nos orgulha tê-la na equipe de Bio- Manguinhos. Isso mostra que estamos no caminho certo em estimular os nossos colaboradores a apresentar e escrever os seus trabalhos científicos”.

Os coordenadores científicos do SACTBio, Akira Homma e Reinaldo Menezes, reforçaram o papel do seminário. Akira apontou que “o futuro de Bio-Manguinhos depende do fortalecimento da sua base científica e tecnológica e o trabalho de Katherine mostra o esforço institucional nesta direção”. Já Reinaldo completou que “a publicação na revista britânica confirma o acerto da premiação no seminário". "Espero que o objetivo final – o desenvolvimento clínico de um novo e melhor tratamento para hanseníase – seja trilhado e compartilhado com Bio-Manguinhos”, afirmou.

 

Entenda o estudo

Doença de origem milenar, a hanseníase ainda acomete silenciosamente milhares de pessoas no Brasil, sendo uma das muitas doenças negligenciadas. O Brasil registrou entre 30 e 33 mil casos de hanseníase em 2013, segundo estimativa do Ministério da Saúde. Embora amplamente aceita a terapia multidroga, o longo tempo de tratamento, efeitos adversos, frequência nos casos de reincidência e cepas resistentes ao tratamento vem incentivando a pesquisa no desenvolvimento de novas abordagens para combater a doença.

Para assegurar o sucesso da infecção, o Mycobacterium leprae depende da integração metabólica com o hospedeiro, como explica Katherine. “Utilizamos a abordagem metabolômica como ferramenta para rastrear as vias metabólicas bioativas nos pacientes disparadas pelo bacilo e identificar alvos moleculares passíveis de intervenção terapêutica. Dentre as rotas metabólicas alteradas, a via do metabolismo do colesterol apresentou-se como um interessante alvo de pesquisa, abrindo caminhos para ensaios com inibidores clássicos desta via, como as estatinas, que demonstraram ser eficientes na redução da carga bacilar. Baseado no conhecimento sobre a dinâmica da interação entre parasita-hospedeiro, abrimos caminho ao desenvolvimento de métodos alternativos para o tratamento de doenças infecciosas focando novos alvos e mecanismos moleculares mais eficientes na intervenção terapêutica”, detalhou a pesquisadora.

  


Jornalista: Gabriella Ponte 

  

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