eye interna 20191112132416Bio-Manguinhos participou do 3º Encontro do Eliminate Yellow Fever Epidemics (EYE), grupo que reúne a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Unicef e a Gavi – The Vaccine Alliance, dentre outros, para traçar estratégias de eliminação de epidemias de febre amarela em nível global.

Pela primeira vez no Brasil, o encontro contou com 137 participantes, dentre eles representantes de 11 países das Américas, para discutir os caminhos que permitirão que mais de 1 bilhão de pessoas estejam protegidas contra a febre amarela até 2026.

Do Instituto, participaram do evento a vice-diretora de Gestão e Mercado, Priscila Ferraz; a gerente de relações com o Mercado, Denise Lobo; e a médica da Assessoria Clínica, Tatiana Noronha; além de representantes de outras unidades da Fiocruz.

O diretor-geral assistente de resposta a emergências da OMS, Ibrahima Socé Fall, ressaltou a necessidade de controlar surtos. “A implementação de campanhas de vacinação em massa deve ser acelerada. Nossos parceiros e todos os países partes precisam estar totalmente engajados”, ressaltou.

A representante da Opas e da OMS no Brasil, Socorro Gross, afirmou que as “lições” aprendidas no Brasil devem ser compartilhadas com o mundo. “O país conseguiu enfrentar surtos exitosamente nos últimos quatro anos”, comentou.

Robin Nandy, chefe de Imunização do Unicef, destacou a necessidade do trabalho integrado. “Não queremos estar em uma situação em que hoje lidamos com a febre amarela em uma área geográfica e temos surtos de sarampo nas mesmas áreas um ou dois anos depois, tudo devido às mesmas lacunas em nossa capacidade de fornecer serviços de imunização”, lembrou.

Por sua vez, o coordenador de Vigilância de Arbovírus do Ministério da Saúde brasileiro, Rodrigo Said, destacou o trabalho conjunto dos níveis federal, estadual e municipal. “Temos modelos de vigilância capazes de prever e identificar epizootias, além de uma capacidade maior de intensificar ações nas áreas em que o vírus está circulando”.

Priscila Ferraz representou Bio-Manguinhos na mesa de discussão dos produtores pré-qualificados pela OMS para fornecimento da vacina febre amarela por meio das agências da ONU. Neste fórum, ressaltou aos organismos presentes sobre a necessidade de melhor precisão em relação à demanda por vacinas, notadamente o faseamento de campanhas de imunização, assim como o planejamento e a confirmação das mesmas, para programação do nosso cronograma de produção. "Esse alinhamento entre os organismos internacionais e os produtores é fundamental para a vacina ser exportada quando os países estiverem aptos a implantar as ações de imunização. A disponibilidade de vacinas descasada das ações ou em apresentação diferente da solicitada pode gerar uma falsa percepção de indisponibilidade do imunobiológico".

De acordo com Denise Lobo, Bio-Manguinhos desempenha papel estruturador da estratégia, pois, além de relevante produtor mundial da vacina, é realizador de outras ações, a exemplo dos estudos clínicos que permitiram o uso da dose fracionada na República Democrática do Congo, na África, durante a epidemia de 2016.

“A reunião foi fundamental para reafirmar o interesse institucional e a importância de Bio-Manguinhos na consecução da estratégia EYE, em um momento bastante representativo - o da retomada das exportações da vacina febre amarela após mais de dois anos desde o último embarque. Este marco foi reconhecido pelos parceiros e a reunião também foi uma oportunidade para agradecermos publicamente o apoio que tivemos para que isso ocorresse", disse Denise em referência às solicitações feitas pelos organismos internacionais ao governo brasileiro, que resultaram na publicação da Lei 13.801, de 09/01/2019, a qual viabiliza as exportações pela fundação de apoio.

Segundo Denise, também foi discutida a possibilidade de ampliação do uso da vacina na apresentação 5 doses pois, com a situação do sarampo no Brasil, a produção na apresentação 10 doses está dedicada para a tríplice viral. “Atualmente, a grande disponibilidade de fornecimento internacional da vacina contra febre amarela por parte de Bio é na apresentação de 5 doses, por conta da situação do sarampo no Brasil”, afirmou Denise.

De acordo com ela, a Opas já possui bom entendimento e acordo com o Instituto a respeito do tema, e o Unicef está sendo sensibilizada a respeito. “Os países africanos preferem a apresentação em 10 doses por ocupar menos espaço na rede de frio e devido às suas estratégias de imunização”, lembrou Denise.

A perspectiva das discussões no âmbito do EYE Meeting é de alinhamento das expectativas entre organismos internacionais, países demandantes, produtores de vacinas e agentes das frentes de vigilância de modo a garantir a efetividade da implantação da estratégia ao longo dos próximos anos.

 

Jornalista: Paulo Schueler

 

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