A Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN, na sigla em inglês) realizou sua 20ª Reunião Geral Anual, entre 21 e 24 de outubro no Hotel Sheraton, no Rio de Janeiro. O encontro, que teve como lema “Vacinas, inovações para o bem”, fez parte das comemorações dos 120 anos da Fundação Oswaldo Cruz, e contou com visitação aos laboratórios de produção de vacinas da Fiocruz, que fazem parte de seu Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz).

Durante a abertura oficial do evento, realizada na manhã do dia 22 de outubro, o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta anunciou a volta da exportação da vacina contra febre amarela, por meio da Fiocruz. Entre 2017 e 2018, o país suspendeu a venda da vacina, para voltar toda sua produção à população brasileira, que passava por surto da doença. Assim, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fiocruz, fornecerá, entre 2019 e 2020, 23 milhões da vacina para a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) e Unicef.

“As vacinas são as tecnologias que mais salvaram vidas no mundo. Por isso, temos trabalhado para ampliar a capacidade produtiva e de inovação tecnológica instalada no país. É importante para o Brasil a retomada da produção em larga escala e a exportação da vacina da febre amarela”, explicou o ministro da Saúde, que ressaltou a importância do investimento em pesquisa para a ciência e a tecnologia nessa área. “Outro importante passo que estamos dando e, que se encontra em fase final de modelagem, é a construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS) em Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Será uma plataforma múltipla, que poderá produzir diferentes tipos de vacinas, dando resposta rápida às necessidades internas”, ressaltou.

O ministro destacou fortemente a agenda de ampliação da cobertura vacinal no Brasil e no mundo e reforçou a responsabilidade de todos os presentes no combate às fake news, na geração de informações científicas que evidenciem os benefícios da vacinação e no compromisso com a produção e fornecimento de vacinas pelos produtores da rede.

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, falou sobre a responsabilidade social na história da imunização e reiterou que as vacinas “são responsáveis por salvar muitas vidas”. “Nosso desafio é produzir mais e de forma estratégica. Nossa capacidade histórica de produção é mundialmente reconhecida e, por isso, temos parcerias com institutos nacionais e internacionais para, no futuro, produzir vacinas de zika, leishmaniose e esquistossomose”, diz a presidente. “É o nosso papel democratizar o cuidado e a saúde”.

A sessão ainda contou com a participação da diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne, que lembrou o quão longe a região das Américas chegou para garantir o acesso universal à imunização. “Nós (a região das Américas) temos o conhecimento, a capacidade, e a vontade de contribuir na produção regional e global de vacinas. Mas não podemos descansar baseados nos sucessos do nosso passado”, ponderou a diretora da Opas. “Temos a obrigação de suprir as necessidades de produção de vacinas – desta e das demais regiões”.

“É um orgulho receber a reunião anual da DCVMN. Todos nós sabemos da importância dessa rede. Produzimos a maior da parte das vacinas usadas no mundo. Nossas vacinas previnem diversas doenças e salvam milhões de vidas todos os anos. Estamos conscientes da nossa responsabilidade nesse cenário de re-emergência de velhas doenças e falta de vacinas no mundo”, destacou Mauricio Zuma, diretor de Bio.

O evento permitiu uma serie de interações entre produtores, parceiros internacionais, fornecedores, Ministério da Saúde, entre outros atores, abrindo oportunidades de parcerias de negócios, prospecção de fornecedores e atualização dos organismos internacionais das iniciativas estratégicas de Bio-Manguinhos, evidenciando assim todo o potencial de realização de um evento desta natureza no Brasil.

Ainda no encontro, foi anunciada uma iniciativa de financiamento de apoio ao desenvolvimento de vacinas para doenças negligenciadas, a ser coordenada pelo Ministério da Saúde e apoiada pela Fiocruz, que está em estágio inicial de desenho.

O evento foi destaque no Portal da OPAS, no Canal Saúde e TV Brasil.

Compromisso com a eliminação global de doenças de saúde pública

Criada em 2000, a iniciativa DCVMN abrange atualmente 43 produtores membros de 17 países e territórios, que fabricam e fornecem mais de 40 tipos de vacinas em diversas apresentações, totalizando 200 produtos, sendo 74 deles pré-qualificados pela OMS. O objetivo da rede é fortalecer e alavancar a produção e a inovação para atender aos desafios de saúde global com vacinas eficazes, efetivas e acessíveis para todos.

Santa Cruz

O Ministério da Saúde está apoiando, por meio de modelo público-privado, o investimento de cerca de R$ 3 bilhões na construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS), em Santa Cruz (RJ). Esse investimento será privado, cuja licitação se dará numa modalidade chamada Built to Suit (construção sob medida), modalidade proposta ineditamente por Bio-Manguinhos. O local terá capacidade para processar cerca de 120 milhões de frascos/ano de vacinas e biofármacos. Outra importante ação prevista, é o estímulo de projetos em estágio avançado de desenvolvimento de vacinas para a aplicação de novas tecnologias para o enfrentamento de doenças negligenciadas, como a malária. Nesse sentido, já se encontram em fase final de desenvolvimento as vacinas de leishmaniose e de esquistossomose (SM14) pela Fiocruz.

Eixos estruturantes e networking

Entre os temas abordados durante o encontro, estão a regulamentação, aspectos regulatórios na área de vacinas e o Planejamento de Imunizações para os próximos 10 anos, apresentado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O evento também teve uma série de palestras técnico-cientificas com temas de interesse para inovação na área de vacinas e ofereceu um excelente fórum de networking e business entre os vários países produtores. “Em paralelo com o programa, as várias salas de reuniões do hotel eram cheias de produtores fazendo parcerias de co-desenvolvimentos, fornecimentos, transferências de tecnologias e trocas de informações e vacinas de interesse para cada pais”, relatou o vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico de Bio-Manguinhos, Sotiris Missailidis. O vice-diretor foi mediador na sessão da iniciativa VIPS (Vaccine Innovation Prioritisation Strategy), que mostrou as inovações priorizadas pela OMS, GAVI, PATH e UNICEF para inclusão na produção de vacinas.

 

Jornalista: Carolina Landi | Imagem: Divulgação/Alpha Produções

 

 

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