Com mediação da blogueira do jornal O Estado de S.Paulo e colunista da rádio Eldorado Rita Lisauskas e participações do assessor científico sênior de Bio-Manguinhos, Akira Homma; da integrante da Câmara Técnica de Pólio do Programa Nacional de Imunizações (PNI-MS), Luiza Helena Falleiros; e do Presidente da Comissão Polio Plus do Distrito 4420 do Rotary Club, Leonardo Weissman; o painel “Caminhos para Erradicação da Poliomielite”, parte do Estadão Summit Saúde 2020, debateu na quarta-feira 28 de outubro a situação atual da poliomielite no mundo e no Brasil, e os desafios ainda enfrentados para a erradicação do poliovírus.

Akira ressaltou que o Brasil dispõe de um programa, o PNI, com experiência acumulada na realização de Dias Nacionais de Vacinação, com a utilização da vacina Sabin (pólio oral), que permitiu eliminarmos os poliovírus selvagens no Brasil, e que depois esta conquista foi acrescida pela introdução da vacina inativada, para evitar a circulação, no meio ambiente, de vírus derivados da vacina oral. “Para evitar que tenhamos a reintrodução da pólio, como ocorre com o sarampo, precisamos obter altas taxas de cobertura vacinal e ter uma vigilância epidemiológica forte, que seja rápida. Nesse processo de vigilância, é preciso observar inclusive aguas de esgoto, como ocorreu no passado recente no Aeroporto de Campinas (SP), que identifique tanto a possibilidade de circulação dos poliovírus selvagens quanto daqueles derivados da vacina. É fundamental Identificar precocemente qualquer caso”, ressaltou o assessor científico sênior.

Sobre a queda das coberturas vacinais, observou que é um problema que ocorre em todo o planeta. “Em todo o mundo a cobertura vacinal está caindo, é um problema global. Nós precisamos reverter esta situação, utilizar novas estratégias e tecnologias para as ações de imunização, não apenas para desenvolver e fabricar novas vacinas. A pandemia da COVID-19 colaborou para a piora da situação, devido ao necessário distanciamento social e o medo dos pais levarem seus filhos até os postos de vacinação”, ressaltou.

Segundo Leonardo, é alarmante o fato de que, em meio a Campanha de Multivacinação, o Brasil ainda não havia alcançado naquela data (28/10) nem 40% de cobertura vacinal para a pólio. “É necessário educação e saúde, disseminar a importância da vacinação para que a população se conscientize da necessidade de vacinar as crianças e adolescentes”, ressaltou.
Já para Luiza Helena, o desafio é termos condições de estabelecer um novo calendário vacinal a partir de novas vacinas e novas tecnologias. “O futuro demanda que tenhamos menos injeções e menos idas aos postos de saúde. Para isto necessitamos de mais vacinas combinadas em uma única aplicação. Hoje possuímos vacinas combinadas com até seis antígenos. É muito mais cômodo, pois em uma única ida aos postos de vacinação as crianças recebem imunização para vários agentes infecciosos. Isso possibilita o aumento da cobertura, pois pais e mães não precisam se deslocar tantas vezes”, ressaltou.

Na segunda rodada de apresentações, Akira defendeu a utilização e a necessidade de altas taxas de cobertura vacinal para as três doses da vacina inativada. Isto porque embora só exista o polivírus selvagem de tipo 1 circulando em dois países (Afeganistão e Paquistão), os chamados “vírus vacinais”, derivados da vacina oral, foram registrados recentemente em 26 países, 16 deles no continente africano. “Falta informação para a população, que não vê mais casos da doença e se despreocupa com a necessidade de vacinar, no caso da pólio, as três vezes. Falamos de três injeções, em crianças pequenas. Por isto o futuro aponta para novas combinações e novas tecnologias de produção. Já existe uma espécie de selo aderente vacinal, por exemplo. Existem vacinas que usam DNA e m-RNA para COVID, como temos visto, e estas podem ser tecnologias para o futuro. A vacina DTP já tem quase 80 anos, sem grandes melhorias incrementais ao longo deste período. A BCG tem tempo de existência similar. É hora de buscar novas tecnologias de produção também para as vacinas antigas, assim como novas formas de administração que reduzam o número de injeções”, indicou.

 

Jornalista: Paulo Schueler. Imagem: Bernardo Portella

 

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